terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

"The pain of life overrides the joy to the point that joy does not exist." (Kevin Carter)

"É solitário morrer na África"



Creio que a vida não é feita apenas de textos e de ficções. Creio agora que a vida não é feita apenas de nossas ilusões e sonhos. Creio que Nietzsche e Barthes, ou quiçá, apenas seus leitores  estejam equivocados. Talvez a vida seja feita de histórias apenas. Histórias em carne viva ou em chamas, histórias em carne quase morta ou decompondo-se, moribunda. Histórias que irão cair no esquecimento. Especialmente a história dos vencidos. A menininha sudanesa esquálida ainda rasteja vigiada pelo abutre, cena que o sul africano-inglês Kevin Carter fotografou, menina que nunca teve nome para nós que estamos do lado de fora dos conflitos sudaneses e africanos. O drama daquela pequena criança dos anos 90 é esquecido todos os dias quando acordamos pra ir azeitar a ordem e o progresso. 80 pessoas entre adultos e crianças carbonizadas na Nigéria em janeiro. A maior chacina do ano sem nomes pra nós que não conhecemos na pele os conflitos nigerianos. Números e gente e  crianças que serão esquecidas em 2017. Sim, acredito que a vida seja feito de histórias, catástrofes e esquecimentos todos os dias.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Lua Minguante (Lunatic? Saturnine?)



“I came into the world under the sign of Saturn -- the star of the slowest revolution, the planet of detours and delays.”
Walter Benjamim

Da janela do meu quarto só consigo ver algumas fases da Lua? Hoje mirava por bastante tempo enquanto lia La vida breve de Onetti. Na sala de aula, nas primeiras classes sempre coloco seu nome no quadro. Os alunos quase sempre me perguntam se é um tipo de flor e eu lhes ensino o nome da flor em Inglês. Alguns inclusive já sabem seu nome em inglês. Às vezes é engraçado. Invariavelmente ninguém pergunta sobre você. Será que você já não existe mais? Será que já é uma ilusão que está se apagando? Será que só existe em minhas memórias inventadas? Muitas dúvidas.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Domingo de Carnaval (Voltando a paixão de refletir e ler a Walter Benjamin)

Hoje li uns fragmentos de 'Sobre o conceito de história' do Walter Benjamin. Sob as perspectivas de Michael Löwy ( "Walter Benjamin - aviso de incêndio) dá pra se ter a ilusão de entender Benjamin, ou seja, dá para perceber os lampejos de sua escritura e sua originalidade em confrontar fontes aparentemente diversas, a saber, o Romantismo alemão, o Messianismo judaico e o Marxismo, confrontar e revolver essas fontes, ruminá-las e regurgitá-las e utilizá-las para construir seu edifício.
O que percebi até aqui?
Que a História é a história do fracasso da justiça social. É a diuturna luta entre opressores e oprimidos. Nosso papel, como classe trabalhadora e 'historiadores' é 'salvar' os vencidos do esquecimento e continuar seus combates emancipadores. Lembrei do texto de uma companheira de trabalho que admiro muito, Paula C., que enleava a história de seus ancestrais com a história das guerras, refugiados e escravos. Um texto impactante e comovente.
Marquei algumas frases na leitura de "Aviso de incêndio" e palavras chaves que voltarei a mirar por aqui. (Espero)

Durante a noite de ontem e a madrugada de hoje assisti três vídeos sobre Benjamin no YouTube. O primeiro, em português, um trabalho de uma aluna sobre o autor com leituras de alguns professores sobre os escritos e estudos de Benjamin. O segundo, uma síntese de uma professora de Literatura sobre dez coisas pra poder  ler Benjamin (Espanhol) Finalmente, o terceiro, sobre Maria Rita Kehl e Michael Löwy  abrindo as portas para leitura de um livro recentemente lançado, "O capitalismo como religião" - Michael Löwy e Walter Benjamin.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Lendo as letras brasileiras e nossa cultura sempre com muita esperança

Hoje li  "Pai contra mãe" de Machado de Assis e li também "Os desastres de Sofia" de Clarice Lispector. Sempre falo aos meus amigos estrangeiros, especialmente, aos nossos irmãos latino americanos que me orgulho muito das canções brasileiras em grande parte, de nossa literatura de grande qualidade, e de nossa gente em geral com pequenas ressalvas dependendo de meu estado de ânimo. Vou preparar classes de português para pessoas que admiram nossa cultura e que gostem de ler e escutar nosso português. Tenho uma companheira de trabalho R. que vai ser minha cobaia.